sábado, 8 de janeiro de 2011

Avelar Brotero: «O trabalho Flora Lusitanica preencheu um vazio existente em Portugal, uma vez que não existia um inventário completo da flora portuguesa. Identificou cerca de 1800 espécies, muitas delas desconhecidas até então»

(1744-1828)
Santo Antão do Tojal
Cortesia de bibdigitalbotuc

Félix da Silva Avelar Brotero foi botânico, lente de Botânica e Agricultura na Universidade de Coimbra e doutor em Medicina pela Universidade de Reims.

Foi em Paris que, seguindo o uso dos estudiosos da época, adoptou o apelido de Brotero, amante dos mortais. Durante os 12 anos em que esteve em Paris, frequentou assiduamente as aulas e institutos de ciências naturais, ao mesmo tempo que procurava meios de subsistência por trabalhos originais e traduções que vendia aos livreiros. Assistiu ao Curso de História natural que Valmont de Bomare abriu em Paris em 1781, e às lições de Botânica de Brisson no Académie de Pharmacie. Concluídos os principais estudos de História Natural doutorou-se na Escola de Medicina de Reims. Deixou depois de exercer clínica e dedicou-se exclusivamente ao estudo da Botânica.

Cortesia de lidora

Em 1788 publicou em Paris o Compêndio de Botânica e as suas prelecções alcançaram grande êxito. Dedicou-se à investigação botânica e daí resultaram obras importantes como
  • Flora Lusitanica (1804),
  • Phytographia Lusitaniae selectior, cuja publicação, começada em 1816, terminou em 1827.
 Por Decreto de 27 de Abril de 1811 foi nomeado por D. João VI director do Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda.

Cortesia de flickr
Algumas obras:
  • Compendio de Botanica, ou Noçoens Elementares desta Sciencia, segundo os melhores Escritores Modernos, espostas na Lingua Portugueza, Paris, 1788, 2 vols.;
  • Principios de Agricultura Philosophica, Coimbra, 1793;
  • «An Account of the Fructification of Lycopodium Denticulaum», Transactions of the Linnean Society, 5, 1800;
  • Phytographia stirpium, quae in Lusitania sponte veniunt descriptiones, Lisboa, 1800;
  • «Description of Callicocca Ipecacuanha», Transactions of the Linnean Society, 6, 1802;
  • Flora Lusitanica, seu plantarum, quae in Lusitania vel sponte crescunt vel frequentius coluntur, ex florum praesertim sexubus systematice distributarum, synopsis, Lisboa, 1804;
  • «Reflexões sobre a Agricultura em Portugal, sobre o seu antigo e presente estado; e se por meio de escholas ruraes practicas, ou por outros, ella pode melhorar-se e tornar-se florente», Memorias da Academia Real das Sciencias de Lisboa, 4, 1815; 
  • Noções Geraes das Dormideiras, Lisboa, 1824;
  • Noções Botanicas das Espécies de Nicociana, Lisboa, 1826;
  • História Natural dos Pinheiros, Larices, e Abetos, Lisboa, 1827.
O Compêndio de Botânica é o primeiro livro de texto do género escrito e publicado em português. Esta obra, em que faz uma revisão crítica da situação de então na Botânica, granjeou-lhe enorme prestígio entre os seus pares. Enquanto lente na Universidade de Coimbra, onde leccionou Botânica durante cerca de 20 anos, ganhou enorme prestígio entre estudantes e professores, em virtude da qualidade das suas aulas.

Cortesia de brotero
O trabalho Flora Lusitanica vem preencher um vazio existente em Portugal, uma vez que não existia até aí um inventário completo da flora portuguesa. Brotero identificou cerca de 1800 espécies, muitas delas desconhecidas até então. Apesar de incompleta, a Flora Lusitanica tornou-se um marco na investigação botânica em Portugal e da ciência portuguesa em geral. Uma das principais contribuições deste trabalho é a criação de uma nomenclatura botânica portuguesa, até então inexistente.
Desagradado com a forma como a Flora Lusitanica fora publicada, começou a preparar uma outra obra, Phitographia Lusitaniae, em fascículos, onde integraria novas espécies, com ilustrações. O primeiro fascículo foi publicado em 1800, mas a obra só ficou completa em 1827.

Cortesia de Ciências em Portugal/JDACT