sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Victor Hugo. Personificação da rebeldia romântica contra o classicismo académico. E quando todos têm acesso às luzes do saber, então chegou a hora da democracia».


(1802-1885)
Besançon, França
Cortesia de wikipedia

Personificação da rebeldia romântica contra o classicismo académico, primeiro, e da vontade democrática frente ao absolutismo napoleónico, depois. Victor Hugo é uma das maiores figuras da literatura francesa. Tornou-se ainda em vida uma personagem popular e deixou uma obra monumental, que abarca todos os géneros e registos.
Um exemplo da vontade férrea de Hugo é a declaração de intenções que deixou anotada no seu diário com apenas 14 anos de idade:
  • «Quero ser Chateubriand ou nada».
Mas a sua figura superaria o âmbito do romantismo francês para se converter num dos grandes escritores do século e de tempos, profundamente comprometido com a evolução da realidade social e política que conheceu ao longo da sua vida. Da sua família herdaria as suas convicções monárquicas e atitudes conservadoras, das quais se iria distanciando com o passar dos anos. Na verdade, como deputado da II República ainda apoiou em 1848 a candidatura à presidência do último Bonaparte, Carlos Luís, acabando por "romper" com ele um ano mais tarde por reprovar a política reaccionária de quem, em 1851, concretizaria um golpe de estado e se coroaria imperador como Napoleão III.


Hugo propiciou com a estreia da obra teatral "Hernâni", uma célebre batalha
campal as fileiras do teatro francês. Os clássicos injuriavam a obra. Os românticos
consideravam-na o estandarte do novo drama, a diversidade das paixões humanas.
Cortesia de jocsecund

Hugo partiu para o exílio, primeiro em Bruxelas, depois em Jersey e, finalmente em Guernsey, uma ilha britânica do canal da Mancha onde permaneceria até à proclamação da III República em 1870. A partir daí, tornou-se o mais emblemático opositor do II Império de França, encarnado na pessoa de Napoleão III. Chegou a recusar a amnistia que este ofereceu aos proscritos:
  • «e se só ficasse um, esse seria eu»
Contra o regime, Hugo escreveu "Os Castigos" em que denuncia com «fúria bíblica» a violação das leis da República enquanto um crime. Já em 1846 tinha escrito no seu poema «Em Marcha» ("As Contemplações"), depois da morte sua sua filha Léopoldine:
  • «Amadureci. Ali, onde o conhecimento não é mais do que um homem, a monarqui impõe-se. Ali, onde está um grupo de homens, esta deve ceder o seu lugar à aristocracia. E quando todos têm acesso às luzes do saber, então chegou a hora da democracia».

Léopoldine
A Lenda dos Séculos
Cortesia de wikipedia e divagar

A obra "monumental" de Hugo já contava até ao momento do seu exílio com grandes êxitos, tanto no teatro, "Hernani", como no romance, "Nossa Senhora de Paris". Deste modo, durante este período fecundo, atingiu o topo da sua «produção» com a poesia épica de "A Lenda dos Séculos" e o romance "Os Miseráveis". Após a derrota de Napoleão na guerra Franco-Prussiana em 1870, Victor Hugo regressou à sua terra natal. Foi uma figura tutelar da república recuperada e uma referência literária.

"Uma Lágrima por uma Gota de Água", de Olivier Merson,
que mostra a famosa cena de N. S. de Paris

Cortesia de wikipedia e curiofisica

Morreu a 22 de Maio e calcula-se que cerca de 1 milhão e meio de pessoas se deslocaram para lhe prestarem uma última homenagem no cortejo fúnebre, desde o Arco do Triunfo (onde ficou exposto durante uma noite) até à igreja de S. Genoveva, transformada desde então no Panteão consagrado a oferecer sepultura às grandes personalidades da história nacional francesa.



Cortesia de wikipedia e divagar

Cortesia de Wikipédia/JDACT