segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Estâncias Reunidas. Poesia. António Cândido Franco. «Oh manhã eterna de luz. Terra celeste cheia de transcendência vaporosa como uma lua. Terra que estremece como uma estrela. Água secando em oiro. Terra a libertar céu de dentro de si»

jdact

II
A terra é um abismo
onde germinam estrelas.
Mineralização celeste
das entranhas da terra.
Pingos de Luz.
Terra irradiando oiro
do seu centro.
Terra abstracta e seca.
Terra escura
ardendo com a esterilidade superior
dos astros ígneos.
Terra luminosa como uma manhã.
Terra de além
com os longes baços
despedaçando-se em cristas de criação.
Terra sem fim
e eterna
a desfazer-se em fumos e astros.
Planície evaporando-se em sol.
Água secando em oiro.
Terra a libertar céu
de dentro de si.
Terra capaz de germinar astros
com as entranhas acesas
e os subterrâneos cheios de fogo.
Searas extensas como céus.
Grãos luminosos como estrelas.
Sementes explodindo como meteoritos.
Pólen riscando o ar
como um cometa.
Manhãs de carne
ondulando como céus eternos.
Terra repleta de oiro
capaz de chorar uma lágrima cintilante.
Terra gerando no seio a flor final
feita de luz.
Terra de sangue verde
a entardecer em lua.
Pedra evaporada em névoa.
Pedra acendendo-se em luz.
Espectro.
Paraíso a brilhar a meio da noite.
Terra a tremer como um sol.
Éden a explodir um jardim astral.
Terra com as flores desfeitas em nuvens
e sóis nocturnos no ventre.
Oh manhã eterna de luz.
Terra celeste
cheia de transcendência
vaporosa como uma lua.
Terra que estremece como uma estrela.
O céu é feito com a força da palavra
terra.

JDACT