quarta-feira, 21 de março de 2018

Aos Vindouros, se os Houver… Alexandre O’Neill. «… que do amor sabeis o ponto e a vírgula e vos engalfinhais livres de medo, sem preçários, calendários, pílula…»

Cortesia de wikipedia e jdact

Aos Vindouros, se os Houver…
«Vós, que trabalhais só duas horas
a ver trabalhar a cibernética,
que não deixais o átomo a desoras
na gandaia, pois tendes uma ética;

que do amor sabeis o ponto e a vírgula
e vos engalfinhais livres de medo,
sem preçários, calendários, pílula,
jaculatórias fora, tarde ou cedo;
computais, computar a nossa falha
sem perfurar demais vossa memória,
que nós fomos pràqui uma gentalha
a fazer passamanes com a história;

que nós fomos (fatal necessidade!)
quadrúmanos da vossa humanidade».

Poema de Alexandre O’Neill, in “Poemas com Endereço

Cortesia de PortaldaLiteratura/JDACT